domingo, 28 de fevereiro de 2010

Conselho aos meus Filhos: Em Tempos de Consciência Ecológica



Semana passada o mundo foi surpreendido com a notícia de que uma baleia, num parque temático da Flórida, matou sua treinadora, quebrando-lhe vários ossos e afogando-a. Uma verdadeira tragédia!
Em casa, depois de ver meus filhos tratarem do assunto, ouvi seus comentários sofridos em prol da Baleia que “sem consciência” tinha provocado aquele fato. Passaram algum tempo falando das condições do animal e preocupados com sua sorte torciam para que não fosse o bicho sacrificado. A baleia era a grande vítima.
Tempos modernos estes! A consciência ecológica decisivamente chegou a minha casa e isso me fez lembrar um episódio cômico... Um grande amigo disse ao seu filho que estava com seu cachorro:
-Tu gostas mais desse cachorro que de mim, não é?
Seu filho respondeu:
-Não pai, eu gosto igual.
Ele teve que se contentar com isso.
Depois continuei em divagação e percebi que essa “consciência ecológica” há muito havia chegado em minha casa e eu não dava conta dela... “Tom” é o cachorro de meus filhos. Come sua refeição caprichosamente preparada, dorme numa almofada acolchoada, tem dois passeios garantidos por dia, visita semanalmente salão de beleza e, folgadamente, o encontro dormindo na cama de meus filhos. Tudo numa normalidade absurda. Meus filhos o fazem integrante da família. Imagine: tem até meu sobrenome.
Diante disso tudo: sou eu que fiquei velho demais para compreender o novo pensamento ou as coisas ganharam o campo do absurdo, já que bicho é bicho e homem é homem?
Pensando bem, já nem sei se bicho é homem ou se homem é bicho. Não sei quem sai mais ofendido na comparação: o homem ou o bicho. É o novo tempo!
Nada contra os animais e sou radicalmente contra qualquer tipo de mal trato a eles, mas estranho que não tenha visto nenhuma fala em solidariedade à família daquela mulher e a lamentação de uma vida humana que se foi. A dor daquela família é menor que a consciência ecológica que chora a dor da baleia. Todos falam do sofrimento da baleia em estar num tanque pequeno, em ser o animal portador de “depressão”, em ser isento de culpa por não ter consciência. Ninguém fala da dor de quem perdeu uma amiga, uma esposa, uma filha etc...
Rezo por essa família... e por não saber falar inglês, nem me atrevo a escrever-lhes uma mensagem de pesar. Aliás parece que o mundo agora, aprendeu com Dory, aquele peixinho do filme “Procurando Nemo”, a falar “baleez” (talvez seja até mais importante que falar a língua dos humanos). Todos expressam os sentimentos da baleia, a compreende e com ela se sensibiliza. Eu, em minha ignorância, não quero aprender a falar “baleez”, prefiro não perder a sensibilidade em ouvir o choro abafado de homens e mulheres que se contorcem em dores pelas toneladas de peso que violentamente pesam sobre seus corpos afogados em mares de horror, igual aquelas pancadas sofrida pela treinadora.
Não sei se serei compreendido em minhas palavras por não saber falar o dialeto dos novos tempos. O mundo escuta o grito dos animais e eu quero não ser indiferente e tornar mais alto que esse grito a dor humana.
Espero que meus filhos compreendam o que digo. Não sou pela violência, mas em meus ouvidos o grito de dor dos familiares e amigos que sofrem é maior que minha preocupação com a baleia. A baleia é menor que o sofrimento vivido por muitos e pesa menos que a dor experimentada pelos que vivem a saudade daquela mulher.
Meus filhos: amem os animais, mas não se esqueçam que a vida humana vale imensamente e bem mais. Aprendam o “baleez” dos novos tempos, mas não o façam maior que a compaixão humana, legado maior de Jesus Cristo!!!!!!
Diácono Fabiano

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